O cenário epidemiológico para 2025 apresenta preocupações significativas, conforme prevê o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor de Medicina na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Ele aponta que este ano poderá se tornar o mais grave em termos de epidemia de dengue, não apenas no Estado de São Paulo, mas em todo o Brasil.
A análise atual indica que as regiões mais afetadas no Estado incluem Araçatuba, São José do Rio Preto, São João da Boa Vista e Araraquara, onde a taxa de positividade dos exames é alarmante: 72%, 36%, 94% e 59%, respectivamente.
Com esses índices elevados, espera-se que muitos casos atualmente sob investigação sejam confirmados nas próximas semanas, período em que tradicionalmente se observa o pico da doença, especialmente entre fevereiro e abril.
Barbosa enfatiza que, se as tendências atuais continuarem, 2025 poderá ultrapassar o trágico recorde de óbitos de 2024, que contabilizou cerca de 6 mil mortes.
Ele destaca que a soma dos óbitos registrados nos oito anos anteriores não chega a esse número. Embora o total de casos esteja em ascensão, a quantidade de mortes ainda está sendo investigada e pode aumentar.
Fatores da epidemia
Dentre os fatores que contribuem para essa situação crítica estão as mudanças climáticas. O aumento das chuvas e das temperaturas médias – que frequentemente alcançam valores entre 26 ºC e 28 ºC – cria um ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Nos últimos cinco anos, a dengue também começou a ser registrada em estados onde anteriormente não eram comuns os surtos, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Outro aspecto preocupante é o elevado número de indivíduos suscetíveis ao vírus. Uma pesquisa recente revelou que menos de 30% dos doadores de sangue em São Paulo apresentavam anticorpos contra o vírus da dengue.
Esse índice é ainda menor quando se considera crianças e adolescentes, que podem ser mais vulneráveis. É importante ressaltar que a infecção por um sorotipo do vírus não confere imunidade aos demais; portanto, quem já contraiu dengue uma vez pode ser infectado novamente.
O que fazer?
A mobilização da comunidade é considerada crucial para mitigar os impactos da epidemia. Iniciativas para reduzir criadouros do mosquito devem ser promovidas, além da conscientização sobre o uso de repelentes, especialmente entre grupos mais vulneráveis como crianças, gestantes e idosos.
A vacinação também é um ponto fundamental a ser abordado tanto na rede pública quanto entre aqueles que podem arcar com os custos.
Recentemente, algumas cidades paulistas começaram a ampliar a faixa etária para vacinação devido à iminente expiração das doses disponíveis.
Além disso, ações estão sendo implementadas pelo governo estadual para fornecer recursos aos municípios no combate ao mosquito transmissor e no atendimento aos pacientes afetados pela doença.
Fonte: O Antagonista
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